Nascido em Uberlândia-MG em 1930, Severiano Porto cresceu no Rio de Janeiro e graduou-se na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil em 1954. Em 1963 visita Manaus e é convidado pelo então governador a reformar o Palácio Rio Negro e projetar a Assembleia Legislativa do Estado em 1965 (CERETO, 2005). Segundo Severiano “na época, acharam que madeira era obra de pobre, o governo queria uma imagem de permanência” (CAMPOS, 2003).
Para Elisabete Campos (2003), Severiano era “um etnógrafo nato” e seu olhar sensível permitiu que ele fosse conhecendo pouco a pouco a região e compreendendo seus elementos construtivos. Severiano explica que:
"Foi observando o pessoal nativo – os seringueiros, para mim, gigantes que cruzam a floresta amazônica a pé e passam meses embrenhados na mata, levando uma bagagem mínima, enfrentando toda sorte de problemas até grandes onças que a gente pode encontrar mesmo perto de Manaus – que aprendi sobre o fazer regional (CAMPOS, 2003)."
Seu olhar crítico buscou valorizar as potencialidades disponíveis no local sem ignorar as novas tecnologias, técnicas e matérias da arquitetura de seu tempo. (ROVO; OLIVEIRA, 2004). “Essa atitude de abertura ao lugar resulta em uma arquitetura contextualizada, coerente com o meio físico e cultural em que se insere. (ROVO; OLIVEIRA, 2004)
A arquitetura de Severiano Mario Porto representa o respeito e valorização da cultura local e a reconhece como elemento formador de novos conhecimentos e contribuições à cultura em formação de seu tempo. Em Neves (2005) as palavras do arquiteto demonstram esta postura:
Acreditamos que à medida que formos assumindo a responsabilidade de nos situarmos no momento presente, com a imensa quantidade de informações de tudo o que foi feito até os dias de hoje, de todas as técnicas locais e regionais e mais ainda os novos materiais, os equipamentos de apoio que dispomos, as novas técnicas construtivas, estaremos coerentes com o momento atual, nossa época, livres para criar, de uma forma mais bela, racional, mais adequada às regiões, à ecologia, às identidades regionais e ao seu homem. (CATÁLOGO DE EXPOSIÇÃO, 1987).
A arquitetura de Severiano Porto e Emilio Ribeiro foi reconhecida mundialmente como uma das mais importantes de seu tempo. Os arquitetos realizaram diversos projetos por toda a Amazônia e receberam vários prêmios e homenagens. Em 1985, é homenageado pelo conjunto da sua obra com o prêmio Universidad de Buenos Aires na Bienal de Buenos Aires. Destaca-se o trecho de Marina Waiseman citado por Cereto (2005):
Sua exposição se referiu uma outra vez as suas intenções – tão bem realizadas, além disso – de utilizar em cada lugar os materiais, as técnicas e a mão de obra existente, sem se ater cegamente às tradições, mas, ao contrário, utilizando todos os recursos possíveis que os conhecimentos técnicos contemporâneos dispõe para melhorar soluções ou para inventar novas. (...) A formula de Porto para uma arquitetura “do tempo e do lugar” como diria Browne, parte, pois, da tecnologia. Mas uma tecnologia imaginativa (WAISEMAN, 1985)